Tal como no ano passado, o Rodrigo Castro venceu a prova individual do Campeonato Nacional de Quiz, juntou ainda a revalidação do título de equipas e o terceiro lugar em pares, portanto, fomos entrevistá-lo.
Antes de mais, parabéns por mais uma vitória no Campeonato Nacional de Quiz. Até hoje ficaste sempre como o primeiro nacional em todos os grandes quizzes individuais em que participaste - Nacional, Europeu, Mundial, Ranking Final Hot 100.
Tu que és sempre o grande favorito e toda a gente está à espera que ganhes, sentiste medo de não ganhar depois do início do José André? Estavas preparado para não ganhar?
O facto de eu e a Zoe termos ficado em terceiro na competição de pares serviu logo de aviso de que as coisas seriam mais difíceis este ano. O José André começou muito bem, com 21 pontos em 25, enquanto que eu só fiz 17. Não me apercebi que a diferença era tão grande, mas percebi que lhe tinha corrido bem quando ele disse, na brincadeira, que o quiz podia ter terminado logo ali. Se fiquei preocupado? Claro que sim. Mas também me lembro que no ano passado o Alexandre também ficou logo à frente na primeira ronda. Em suma, estava pronto para tudo. Até ao lavar dos cestos...
Até quando achas que vais manter o domínio nas principais provas individuais de quiz? Ameaços como o do José são fogachos e vai continuar a faltar sempre um bocadinho ou achas que estás prestes a perder um ou outro quiz importante?
Isso já é muita futurologia. As classificações individuais e de pares foram mais equilibradas este ano nos lugares cimeiros. Não sei se isso será uma tendência para o futuro. Espero que sim, mas ainda é cedo para se saber. Quando no ano passado falava de talentos por descobrir estava a referir-me a pessoas como o José André. Mas, falando à futebolista, vou continuar sempre a dar o meu melhor. Até que o cérebro me doa.
Desta vez não ganhaste a competição de pares, o que não correu bem? Soube a pouco o terceiro lugar?
As coisas até correram relativamente bem, fomos sempre regulares até à última ronda, fazendo entre 15 e 16 pontos, o que no entanto me pareceu curto para ganhar. A última ronda foi claramente medíocre. Explicações? Não sei, sinceramente. O jogo não me pareceu mais difícil que o do ano passado, no geral. A Zoe e eu estávamos concentrados e a interagir bem. As más línguas poderiam dizer que foi por entretanto nos termos casado... A verdade foi que simplesmente sabíamos menos respostas e os palpites saíram frequentemente ao lado. E é assim que se perdem quizzes. Para quem já ganhou, o terceiro lugar sabe sempre a pouco.
No ano passado ganhaste a prova de equipas com uma equipa, desta vez levaste quatro jogadores diferentes. Quem levantar o dedo primeiro pode ir contigo ganhar o Campeonato Nacional?
A situação com a minha equipa foi bastante atribulada. Grande parte dos elementos não podiam ir. Na semana anterior ao Campeonato, só sobrava eu e o Fred (que dá nome à equipa). Entretanto fizemos a contratação no mercado estrangeiro do providencial Shabir "vai-a-todas" Najmudin. Mas ainda era pouco. Na quinta-feira (a três dias da prova) o Fred teve de sair por razões profissionais. Éramos agora dois e a situação não era famosa. E, sim, estava pronto a aceitar quem se oferecesse. Nesse mesmo dia, tive a sorte descomunal de ser contactado pelo Pedro Morais Martins que ofereceu os seus préstimos e os do José André, dois excelentes jogadores com quem já joguei. Finalmente, apareceu-nos o Gonçalo Franco, que habitualmente joga com os Mamedes e com os Quizzólicos, e que também andava tresmalhado. Aliás, tenho que fazer uma menção especial ao Gonçalo, que mal conhecia e com quem nunca tinha jogado antes, e que se mostrou fulcral para a nossa confortável vitória. Foi verdadeiramente um trabalho de equipa.
Foi um choque para ti seres eliminado da prova de Liga pelo João Barbosa, 35º da competição individual?
Sim e não. A Liga é como a Taça de Portugal e, como tal, presta-se a surpresas. Dada a mecânica do jogo, sabia que tudo era possível, no entanto, fiquei naturalmente desiludido quando perdi o jogo. A verdade é que o João Barbosa foi um mais que justo vencedor. Acertou mais perguntas que eu e atribuiu melhor os pontos. E o facto de ser um tipo tão simpático atenuou o amargor da derrota.
Qual a tua opinião sobre o CNQ deste ano? Organização e quizzes.
Presumo que, à semelhança do ano passado, vão fazer um inquérito aos participantes. Vou guardar considerações mais detalhadas para essa altura. Naturalmente, há aspectos positivos e aspectos a melhorar. Destacava, para já, a ideia da descentralização do campeonato, o maior número de perguntas de âmbito nacional, a maior variedade geral de temáticas, a retirada do formato cascata da competição de equipas e a prova experimental. A melhorar: a ausência total de imagens e som nas competições individual e de pares, a sequência das perguntas nas rondas (ex: 2 ou 3 perguntas seguidas de geografia), a variedade dentro de algumas temáticas (ex: as duas perguntas de BD eram sobre o Asterix) e os atrasos no horário. Seja como for, quero dar os meus parabéns à organização e aos autores das perguntas. Se fosse fácil, estavam lá outros.
Ainda falta alguma coisa no quiz nacional ou já está bom assim?
Há sempre espaço para melhorar. Gostava de ver mais gente a participar. Já temos muitos quizzers de valor a participar nos torneios de cascata e nos quizzes de bar, e não os vejo no campeonato. Há ainda os novatos e os curiosos, entre os quais há certamente grandes talentos. É preciso cativar esta gente toda. E é importante continuar a descentralização.
Quais as tuas expectativas para as Olímpiadas?
As minhas expectativas são simples. Fazer melhor individual e colectivamente. Levamos uma delegação já bastante razoável - 8 pessoas - o que também reforça as nossas hipóteses de uma boa prestação nacional.
Na tua opinião, estas competições têm-nos aproximado dos países do meio da tabela?
A participação nestes eventos internacionais, incluindo o Hot 100, permite-nos ganhar tarimba e evoluir enquanto quizzers. Pela minha parte, posso afirmar que jogo melhor agora que há três anos, graças muito a estes eventos. A prática ajuda à perfeição, a prática ao mais alto nível ainda mais; além de nos providenciar uma saudável dose de humildade.
Como sabes, não há um método de selecção estabelecido para escolher os representantes da equipa principal. Crês que poderias ser tu a escolher quem vai jogar contigo (ou seja, quem te complementa mais), uma vez que és de longe o primeiro que a maioria escolheria para a sua equipa?
Não quero que essa responsabilidade recaia exclusivamente nos meus ombros. Posso contribuir com as minhas ideias e sugestões, mas devemos procurar um consenso quanto a isso. Não somos muitos e não deverá ser assim tão difícil.
Sei que queres ganhar o Campeonato de Quiz de Cascata, é talvez a grande competição que te falta conquistar. Se pudesses escolher um jogador para melhorar a tua equipa, quem seria? (Não precisas de dizer quem tiravas da equipa.)
Tirava o João Silva que só está lá para beber vinho. Agora a sério, não sei quem escolheria. Talvez uma fusão dos meus companheiros dos Picante Sem Fred num único jogador fosse uma combinação temível. E ainda roubávamos um jogador aos Fernandos Mamedes, que são sempre o alvo a abater.