Entrevista ao mais medalhado do Campeonato Nacional, José Gomes André

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O José Gomes André, na sua primeira participação no Campeonato Nacional de Quiz, conseguiu conquistar a distinção de figura principal da competição. Venceu as provas de pares e equipas, ficando ainda em segundo na prova individual. Terá talvez sido uma surpresa para aqueles que não o conheciam, mas as suas participações consistentes no Hot100 já indicavam que podia fazer uma gracinha.

Vejamos o que tem para nos dizer.


Antes de mais, parabéns pela tua brilhante participação no CNQ. 

Esperavas que o Campeonato te corresse tão bem? 

Obrigado! Sinceramente, não. A concorrência era forte, com vários jogadores mais experientes. Nas cinco vezes que joguei o Hot 100, que poderia servir de termo de comparação, fiquei em 3º ou abaixo (entre as poucas pessoas que participaram). Achava que num dia bom podia chegar ao top 5 em Individuais e ao top3 no jogo de Pares, mas conseguir um 2º e 1º lugar foi uma surpresa. 


Na prova de pares, com o Daniel, foram os primeiros a retirar uma vitória no CNQ ao Rodrigo, a que se deveu isto? Tu e o Daniel complementam-se naturalmente bem, já o sabias? 

Jogo com o Daniel no Campeonato da Ajuda há algum tempo e é notório que temos conhecimentos complementares. Jogámos aliás de forma curiosa: ele preenchia umas perguntas, mais das áreas dele; e eu escrevia outras, nos temas que gosto. No fim de cada ronda, sobravam talvez umas 3 ou 4 que discutíamos em conjunto. Sobre as outras nem falávamos, restava confiar um no outro… 


Qual foi o teu truque para desta vez até assustares o Rodrigo? Muito estudo? 

Assustei o Rodrigo? Não creio. Ele é o melhor jogador nacional, a sua vitória é natural e justa. É verdade que comecei melhor a prova individual, mas era uma questão de tempo até ele ficar na frente… Quanto ao estudo, é arte que já pratiquei, mas desde que comecei a fazer quizzs regularmente deixei de ter tempo. Não tenho aliás certeza que no meu caso ajude. Fico nervoso e sinto-me pressionado a acertar as matérias que estudei. Prefiro cada vez mais confiar no bom senso e no que possa ter aprendido ao longo da vida. O único tema que estudei para o campeonato foi unidades do SI – é um tópico recorrente. Saíram duas perguntas e consegui falhar ambas…


Como surgiu teres aparecido na equipa do Rodrigo? Quiseram fazer da prova de equipas um passeio? 

Foi uma boa coincidência. Não estava inscrito na prova de equipas, não tinha disponibilidade para ir ao Porto. Só na sexta-feira descobri que afinal podia ir, e um amigo comum, o Pedro Morais Martins, disse-me que ia jogar com o Rodrigo e sugeriu que eu também fosse, ainda havia uma vaga. Pareceu-me uma excelente oportunidade para impedir que os Mamedes limpassem mais um campeonato e aceitei de bom grado.


Podemos assumir que és o nº 2 nacional no quiz? 

Podem, mas fazem mal. Fiquei em 2º numa prova de 100 perguntas, não num campeonato regular. É óptimo ser reconhecido pelos amigos e pelos “pares” de competição como um bom jogador, mas este tipo de rankings é circunstancial e enganador. Além disso, há muitos jogadores que não puderam ou não quiseram participar… 


Quais são os teus objectivos agora? Já pensas em dar o passo em frente e derrotar o Rodrigo no próximo CNQ? Sentes responsabilidade de manter estes resultados? 

É natural que alguém que fica em 2º numa prova deseje melhorar na próxima vez. Mas vai ser muito difícil… (sim, estou a baixar as expectativas, é mais confortável ser o “underdog”). A maior parte das pessoas não me conhecia como jogador de quiz, comecei há pouco tempo. Suponho que a partir de agora estejam mais curiosos, o que trará alguma pressão adicional. Mas já estou a criar uma lista de desculpas para prestações mais fracas…


Qual a tua opinião sobre o CNQ deste ano: organização e quizzes?

Gostei. Quizzes diversos, estimulantes, bem organizados. Faltou maior componente visual e áudio nas provas individuais e de pares (não me queixo muito porque tenho pouco jeito para ambas). Foi pena a prova de equipas ser no Porto, implicou a ausência de muitas formações competitivas. E gostava de ter visto mais participantes na prova individual.


O que te motivou a começar a participar em quizzes? 

Desejo de me divertir, aprender, testar conhecimentos. Nada de muito original.


Organizares quizzes regularmente, como tens feito, ajudou-te a melhorar e a obter este resultado? 

Ajuda, porque é muito mais fácil fixar informação quando se faz uma pesquisa e depois se apresenta uma pergunta e uma resposta oralmente num jogo. No fundo, estou a estudar “sem estar a estudar”.


Qual é a tua maior falha como jogador de quiz? E os pontos mais fortes? 

A minha formação é em Humanidades, por isso tenho mais facilidade em História, Literatura, Artes. Também gosto de Geografia e Desporto (sobretudo futebol). Os pontos fracos são, infelizmente, vastos: Ciências, Televisão, Música, nerdices informáticas. Falho quase tudo nestes temas.


Como achas que vai o quiz em Portugal? 

Claramente em expansão. Há cada vez mais gente nova a jogar. A diversidade de competições é um factor de motivação; provas como o Campeonato Nacional e a Liga Online são muito bem-vindas. Mas é importante fazer mais divulgação, assente na ideia de que os quizzes não são só para meia-dúzia de maluquinhos. 


Vais participar no início de Novembro nas primeiras Olímpiadas de Quiz, quais são as tuas expectativas? 

Basicamente as mesmas dos atletas portugueses em maratonas recentes: acabar as provas e tentar não ficar em último.


Achas que merecias um lugar entre os 4 que vão jogar a prova de Nações da Olímpiada?

Gosto muito da equipa com que vou jogar na prova de “Aspirantes” (ou lá como se chama). O quarteto que representará Portugal na prova principal é excelente, complementa-se bem e está habituado a jogar junto. Não faz sentido alterar este esquema só porque tive um fim-de-semana com bons resultados.