Rezam as crónicas que, em tempos idos, umas dúzias de entusiastas se reuniam em Lisboa e Porto para, pasme-se, passar uma hora a debitar para uma folha de papel o que sabem e lastimar-se pelo que não sabem: estas provas, que vêm de Inglaterra, Croácia e, claro, alternadamente da cabeça dos próprios jogadores, permitem-lhes abandonar tudo o resto a que se chama "vida" e abraçar esse estranho prazer de saber coisas porque sim — com o complemento obrigatório de olhares estranhos nas esplanadas, vanglória e pundonor, em troca de menos uns euros na conta.
Entretanto um vírus atacou em força o mundo inteiro, e todos estes jogadores (e muitos, muitos mais, pelo mundo fora) se remeteram às próprias casas durante uma temporada que foi mais ou menos longa, conforme as sensilibidades e dificuldades de cada um. Rodeados de enciclopédias gastas, atlas desactualizados, mapas com anotações e compilações de one hit wonders, domaram a saudade em prol de dias melhores.